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Reabertura da Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos

Publicado em 01 d dezembro d 2014

Por TELMA ELITA
Para a GAZETA DE ALAGOAS
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A nova Graciliano Ramos tem sala exclusiva para autores alagoanos e obras sobre o estado (6.076 exemplares) e outra sala para o acervo de obras raras (6.300 livros)

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“Se pudesse, abandonaria tudo e recomeçaria as minhas viagens. Esta vida monótona, agarrada à banca das nove horas ao meio-dia e das duas às cinco, é estúpida. Vida de sururu. Estúpida. Quando a repartição se fecha, arrasto-me até o relógio oficial, meto-me no primeiro bonde de Ponta-da-Terra”. Esse é um trecho da obra de Graciliano Ramos, Angústia (1936). O personagem, Luís da Silva, percorre ruas, vive Maceió. Essa repartição – tão monótona quanto à vida –, no livro, está localizada na Praça D. Pedro II, centro da capital. Cenário do Mestre Graça, lugar da Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos, que nesta terça-feira (25), às 19h, abre as portas, reinventada.

Todo o processo de restauração e modernização, orçado em R$ 3,4 milhões, fruto do convênio do Governo de Alagoas, via Secretaria de Estado da Cultura, com a Fundação Biblioteca Nacional, vinculada ao Ministério da Cultura, levou mais de três anos. Parece muito. Mas a tarefa não era simples. Primeiro, a retirada de 90 mil livros – muitas obras raras. Depois, a elaboração de um projeto que aliasse a criação de uma biblioteca moderna – acessível, iluminada, interativa, até mesmo colorida – sediada num prédio histórico, construído há exatos 170 anos. O Palacete Barão de Jaraguá começou a ser erguido em 1844. A obra somente foi finalizada cinco anos depois.

O Palacete Barão de Jaraguá faz jus ao nome. São três pavimentos, 54 salas. A casa do português José Antônio de Mendonça, o Barão de Jaraguá, foi inclusive cedida a D. Pedro II e a D. Teresa Cristina, em 1859, na vinda do casal imperial a Alagoas, ainda província. É uma residência de proporções impressionantes, ainda quando comparada aos padrões atuais. “Nosso desafio era manter as características de um prédio histórico, mas dotá-lo de acessibilidade. Hoje, temos rampas para cadeirantes, dois elevadores. A iluminação também tinha que ser adequada à necessidade de uma biblioteca”, conta o secretário da Cultura, Osvaldo Viégas.

A partir da quarta-feira (26), dia seguinte à inauguração, a Biblioteca se abre a diferentes públicos, no horário das 9h às 17h – sem intervalo para almoço. Foram criados: setor em braile, bebeteca, espaço infantojuvenil. A área desenvolvida para deficientes visuais é dotada de mais de mil livros. Os pontinhos na página em branco revelam as aventuras de Jorge Amado (Gabriela, cravo e canela) e as desventuras de Raul Pompéia (O Ateneu), dentre outros autores.

Ao todo, estarão disponíveis 70 mil títulos. Além dos espaços já mencionados, haverá uma sala exclusiva para autores alagoanos e obras que tratem sobre o estado (6.076 exemplares) e outra para o acervo de obras raras (6.300 livros). Os títulos são acomodados em mobiliário moderno, com estantes baixas, que favorecem a iluminação e a ventilação.

 

Convite para a reabertura:

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CONHEÇA A OBRA DE GRACILIANO RAMOS

  • Caetés (1933)
  • Caetés – edição especial 80 anos (2013)
  • S. Bernardo (1934)
  • Angústia (1936)
  • Angústia – edição especial 75 anos (2011)
  • Vidas Secas (1938)
  • Vidas Secas – edição especial 70 anos (2008)
  • Vidas Secas – em quadrinhos (2015)
  • Infância (1945)
  • Insônia (1947)
  • Memórias do Cárcere (1953)
  • Viagem (1954)
  • Linhas Tortas (1962)
  • Viventes das Alagoas (1962)
  • Garranchos (2012)
  • Cangaços (2014)
  • Conversas (2014)
  • A Terra dos Meninos Pelados (1939)
  • Histórias de Alexandre (1944)
  • Alexandre e Outros Heróis (1962)
  • O Estribo de Prata (1984)
  • Minsk (2013)
  • Cartas (1980)
  • Cartas de Amor a Heloísa (1992)
  • Dois Dedos (1945)
  • Histórias Incompletas (1946)
  • Brandão entre o Mar e o Amor (1942)
  • Memórias de um Negro (1940) Booker T. Washington, tradução
  • A Peste (1950) Albert Camus, tradução

Queria endurecer o coração, eliminar o passado, fazer com ele o que faço quando emendo um período — riscar, engrossar os riscos e transformá-los em borrões, suprimir todas as letras, não deixar vestígio de idéias obliteradas.

Memórias do Cárcere, cap. 5